terça-feira, 5 de novembro de 2013

Variações linguísticas

Variações linguísticas: O modo de falar do brasileiro

Toda língua possui variações linguísticas. Elas podem ser entendidas por meio de sua história no tempo (variação histórica) e no espaço (variação regional). As variações linguísticas podem ser compreendidas a partir de três diferentes fenômenos.

1) Em sociedades complexas convivem variedades linguísticas diferentes, usadas por diferentes grupos sociais, com diferentes acessos à educação formal; note que as diferenças tendem a ser maiores na língua falada que na língua escrita;

2) Pessoas de mesmo grupo social expressam-se com falas diferentes de acordo com as diferentes situações de uso, sejam situações formais, informais ou de outro tipo;

3) Há falares específicos para grupos específicos, como profissionais de uma mesma área (médicos, policiais, profissionais de informática, metalúrgicos, alfaiates, por exemplo), jovens, grupos marginalizados e outros. São as gírias e jargões.

Assim, além do português padrão, há outras variedades de usos da língua cujos traços mais comuns podem ser evidenciados abaixo.
Uso de “r” pelo “l” em final de sílaba e nos grupos consonantais: pranta/planta; broco/bloco.
Alternância de “lh” e “i”: muié/mulher; véio/velho.
Tendência a tornar paroxítonas as palavras proparoxítonas: arve/árvore; figo/fígado.
Tendência a tornar paroxítonas as palavras proparoxítonas: arve/árvore; figo/fígado. Redução dos ditongos: caxa/caixa; pexe/peixe.
Simplificação da concordância: as menina/as meninas.
Ausência de concordância verbal quando o sujeito vem depois do verbo: “Chegou” duas moças.
Uso do pronome pessoal tônico em função de objeto (e não só de sujeito): Nós pegamos “ele” na hora.
Assimilação do “ndo” em “no”( falano/falando) ou do “mb” em “m” (tamém/também).
Desnasalização das vogais postônicas: home/homem.
Desnasalização das vogais postônicas: home/homem. Redução do “e” ou “o” átonos: ovu/ovo; bebi/bebe.
Redução do “r” do infinitivo ou de substantivos em “or”: amá/amar; amô/amor.
Simplificação da conjugação verbal: eu amo, você ama, nós ama, eles ama.

Variações regionais: os sotaques

Se você fizer um levantamento dos nomes que as pessoas usam para a palavra "diabo", talvez se surpreenda. Muita gente não gosta de falar tal palavra, pois acreditam que há o perigo de evocá-lo, isto é, de que o demônio apareça. Alguns desses nomes aparecem em o "Grande Sertão: Veredas", Guimarães Rosa, que traz uma linguagem muito característica do sertão centro-oeste do Brasil:

Demo, Demônio, Que-Diga, Capiroto, Satanazim, Diabo, Cujo, Tinhoso, Maligno, Tal, Arrenegado, Cão, Cramunhão, O Indivíduo, O Galhardo, O pé-de-pato, O Sujo, O Homem, O Tisnado, O Coxo, O Temba, O Azarape, O Coisa-ruim, O Mafarro, O Pé-preto, O Canho, O Duba-dubá, O Rapaz, O Tristonho, O Não-sei-que-diga, O Que-nunca-se-ri, O sem gracejos, Pai do Mal, Terdeiro, Quem que não existe, O Solto-Ele, O Ele, Carfano, Rabudo.

Drummond de Andrade, grande escritor brasileiro, que elabora seu texto a partir de uma variação linguística relacionada ao vocabulário usado em uma determinada época no Brasil.


Antigamente
"Antigamente, as moças chamavam-se mademoiselles e eram todas mimosas e muito prendadas. Não faziam anos: completavam primaveras, em geral dezoito. Os janotas, mesmo sendo rapagões, faziam-lhes pé-de-alferes, arrastando a asa, mas ficavam longos meses debaixo do balaio."

Como escreveríamos o texto acima em um português de hoje, do século 21? Toda língua muda com o tempo. Basta lembrarmos que do latim, já transformado, veio o português, que, por sua vez, hoje é muito diferente daquele que era usado na época medieval.

Língua e status

Nem todas as variações linguísticas têm o mesmo prestígio social no Brasil. Basta lembrar de algumas variações usadas por pessoas de determinadas classes sociais ou regiões, para perceber que há preconceito em relação a elas.

Veja este texto de Patativa do Assaré, um grande poeta popular nordestino, que fala do assunto:

O Poeta da Roça

Sou fio das mata, canto da mão grossa,
Trabáio na roça, de inverno e de estio.
A minha chupana é tapada de barro,
Só fumo cigarro de paia de mío.

Sou poeta das brenha, não faço o papé
De argun menestré, ou errante cantô
Que veve vagando, com sua viola,
Cantando, pachola, à percura de amô.
Não tenho sabença, pois nunca estudei,
Apenas eu sei o meu nome assiná.
Meu pai, coitadinho! Vivia sem cobre,
E o fio do pobre não pode estudá.

Meu verso rastero, singelo e sem graça,
Não entra na praça, no rico salão,
Meu verso só entra no campo e na roça
Nas pobre paioça, da serra ao sertão.
(...)

Você acredita que a forma de falar e de escrever comprometeu a emoção transmitida por essa poesia? Patativa do Assaré era analfabeto (sua filha é quem escrevia o que ele ditava), mas sua obra atravessou o oceano e se tornou conhecida mesmo na Europa.

Leia agora, um poema de um intelectual e poeta brasileiro, Oswald de Andrade, que, já em 1922, enfatizou a busca por uma "língua brasileira".

Vício na fala
Para dizerem milho dizem mio
Para melhor dizem mió
Para pior pió
Para telha dizem teia
Para telhado dizem teiado
E vão fazendo telhados.

Uma certa tradição cultural nega a existência de determinadas variedades linguísticas dentro do país, o que acaba por rejeitar algumas manifestações linguísticas por considerá-las deficiências do usuário. Nesse sentido, vários mitos são construídos, a partir do preconceito linguístico.


LINK:http://educacao.uol.com.br/disciplinas/portugues/variacoes-linguisticas-o-modo-de-falar-do-brasileiro.htm

segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Variação Linguística



Variedade  ou variante linguística se define  pela  forma  pela qual determinada comunidade  de  falantes,  vinculados  por  relações  sociais ou  geográficas, usa  as formas  lingüísticas de  uma  língua  natural. É  um  conceito  mais  forte  do  que  estilo de  prosa ou  estilo de  linguagem. Refere-se  a  cada  uma  das  modalidades  em  que uma  língua se diversifica,  em  virtude  das  possibilidades  de  variação  dos  elementos do  seu  sistema (vocabulário, pronúncia, sintaxe) ligadas  a  fatores  sociais  ou culturais (escolaridade, profissão, sexo, idade, grupo social etc.)  e  geográficos (tais como  o  português  do Brasil, o  português de Portugal, os falares  regionais etc.). A língua  padrão e  a  linguagem  popular  também  são  variedades  sociais ou culturais. Um  dialeto  é  uma  variedade  geográfica. Variações  de  léxico,  como  ocorre  na  gíria  e  no  calão,  podem  ser  consideradas  como  variedades  mas  também  como  registros ou,   ainda,   como estilos -  a depender  da  definição  adotada  em  cada caso.

sábado, 2 de novembro de 2013

Abaixo podemos ver outra charge que trata do tema Variações Linguísticas:


Como podemos ver, a língua pode variar de acordo com o nível social.
Na charge é retratado um homem de boa aparência, roupas formais que consequentemente utiliza no seu vocabulário palavras mais "ricas", uma consequência do que seu posto na sociedade exige. Ele conversa com o surfista ao seu lado e observando o diálogo percebe-se que o surfista não tem conhecimentos tão vastos sobre a linguagem formal.



No nosso país são cada vez mais comuns cenas assim, elas acontecem principalmente,  pela imensa desigualdade social existente no Brasil. Podemos ver pela convivência de pessoas de níveis sociais distintos que a linguagem com que cada um fala traduz muito a desigualdade social que nos rodeia. Neste caso, este tipo de Variação Linguística faz uma crítica muito forte ao mundo desigual em que vivemos.


Na nossa vasta língua portuguesa encontramos inúmeras variações no modo de falar cada palavra, isso é conhecido como Variações Linguísticas. 
Abaixo você pode ver algumas destas variações que facilmente encontramos no nosso país:

Uso de “r” pelo “l” em final de sílaba e nos grupos consonantais: pranta/planta; broco/bloco.
Alternância de “lh” e “i”: muié/mulher; véio/velho.
Tendência a tornar paroxítonas as palavras proparoxítonas: arve/árvore; figo/fígado.
Tendência a tornar paroxítonas as palavras proparoxítonas: arve/árvore; figo/fígado. Redução dos ditongos: caxa/caixa; pexe/peixe.
Simplificação da concordância: as menina/as meninas.
Ausência de concordância verbal quando o sujeito vem depois do verbo: “Chegou” duas moças.
Uso do pronome pessoal tônico em função de objeto (e não só de sujeito): Nós pegamos “ele” na hora.
Assimilação do “ndo” em “no”( falano/falando) ou do “mb” em “m” (tamém/também).
Desnasalização das vogais postônicas: home/homem.
Desnasalização das vogais postônicas: home/homem. Redução do “e” ou “o” átonos: ovu/ovo; bebi/bebe.
Redução do “r” do infinitivo ou de substantivos em “or”: amá/amar; amô/amor.
Simplificação da conjugação verbal: eu amo, você ama, nós ama, eles ama.

terça-feira, 29 de outubro de 2013


Pela leitura desta charge é possível perceber a variação regional da língua portuguesa. No diálogo, pelo que se percebe, um gaúcho e um carioca conversam usando palavras próprias de sua respectiva região.




Variação linguística


Variação de uma língua é o modo pelo qual ela se diferencia, sistemática e coerentemente, de acordo com o contexto histórico, geográfico e sócio-cultural no qual os falantes dessa língua se manifestam verbalmente. É o conjunto das diferenças de realização linguística falada pelos locutores de uma mesma língua. Tais diferenças decorrem do fato de o sistema lingüístico não ser unitário, mas comportar vários eixos de diferenciação: estilístico, regional, sociocultural, ocupacional e etário. A variação e a mudança podem ocorrer em algum ou em vários dos subsistemas constitutivos de uma língua (fonético, morfológico, fonológico, sintático, léxico e semântico). O conjunto dessas mudanças constitui a evolução dessa língua.1
A variação é também descrita como um fenômeno pelo qual, na prática corrente de um dado grupo social, em dada época e em dado lugar, uma língua nunca é idêntica ao que ela é em outra época e outro lugar, na prática de outro grupo social. O termo variação pode também ser usado como sinônimo de variante. Existem diversos fatores de variação possíveis - associados a aspectos geográficos e sociolinguísticos, à evolução linguística e ao registro linguístico.
Variedade ou variante linguística se define pela forma pela qual determinada comunidade de falantes, vinculados por relações sociais ou geográficas, usa as formas linguísticas de uma língua natural. É um conceito mais forte do que estilo de prosa ou estilo de linguagem. Refere-se a cada uma das modalidades em que uma língua se diversifica, em virtude das possibilidades de variação dos elementos do seu sistema (vocabulário, pronúncia, sintaxe) ligadas a fatores sociais ou culturais (escolaridade, profissão, sexo, idade, grupo social etc.) e geográficos (tais como o português do Brasil, o português de Portugal, os falares regionais etc.). A língua padrão e a linguagem popular também são variedades sociais ou culturais. Um dialeto é uma variedade geográfica. Variações de léxico, como ocorre na gíria e no calão, podem ser consideradas como variedades mas também como registros ou, ainda, como estilos - a depender da definição adotada em cada caso. Os idiotismos são às vezes considerados como formas de estilo, por se limitarem a variações de léxico.
Utiliza-se o termo 'variedade' como uma forma neutra de se referir a diferenças linguísticas entre os falantes de um mesmo idioma. Evita-se assim ambiguidade de termos comolíngua (geralmente associado à norma padrão) ou dialeto (associado a variedades não padronizadas, consideradas de menor prestígio ou menos corretas do que a norma padrão). O termo "leto" também é usado quando há dificuldade em decidir se duas variedades devem ser consideradas como uma mesma língua ou como línguas ou dialetos diferentes. Alguns sociolinguistas usam o termo leto no sentido de variedade linguística - sem especificar o tipo de variedade. As variedades apresentam não apenas diferenças de vocabulário mas também diferenças de gramática, fonologia e prosódia.
A sociolinguística procura estabelecer as fronteiras entre os diferentes falares de uma língua. O pesquisador verifica se os falantes apresentam diferenças nos seus modos de falar de acordo com o lugar em que estão (variação diatópica), com a situação de fala ou registro (variação diafásica) ou de acordo com o nível socioeconômico do falante (variação diastrática).
Tipologia de variedades linguísticas
• Variedades geográficas: dizem respeito à variação diatópica e são variantes devidas à distância geográfica que separa os falantes. Assim, por exemplo, a mistura de cimento, água e areia, se chama betão em Portugal; no Brasil, se chama concreto.
As mudanças de tipo geográfico se chamam dialetos (ou mais propriamente geoletos), e o seu estudo é a dialetologia. Embora o termo 'dialeto' não tenha nenhum sentido negativo, acontece que, erroneamente, tem sido comum chamar dialeto a línguas que supostamente são "simples" ou "primitivas". Dialeto é uma forma particular, adotada por uma comunidade, na fala de uma língua. Nesse sentido, pode-se falar de inglês britânico, inglês australiano, etc. É preciso também ter presente que os dialetos não apresentam limites geográficos precisos - ao contrário, são borrados e graduais - daí se considerar que os dialetos que constituem uma língua formam um continuum sem limites precisos. Diz-se que uma língua é um conjunto de dialetos cujos falantes podem se entender. Embora isto possa ser aproximadamente válido para o português, não parece valer para o alemão, pois há dialetos desta língua que são ininteligíveis entre si. Por outro lado, fala-se de línguas escandinavas, quando, na realidade, um falante sueco e um dinamarquês podem se entender usando cada um a sua própria língua.
No que diz respeito ao português, além de vários dialetos e subdialetos, falares e subfalares, há dois padrões reconhecidos internacionalmente: o português de Portugal e oportuguês do Brasil.
• Variedades diacrônicas: relacionadas com a mudança linguística, essas variedades aparecem quando se comparam textos em uma mesma língua escritos em diferentes épocas e se verificam diferenças sistemáticas na gramática, no léxico e às vezes na ortografia (frequentemente como reflexo de mudanças fonéticas). Tais diferenças serão maiores quanto maior for o tempo que separa os textos. Cada um dos estágios da língua, mais ou menos homogêneos circunscritos a uma certa época é chamado variedade diacrônica. Por exemplo, na língua portuguesa pode-se distinguir claramente o português moderno (que, por sua vez, apresenta diversidades geográficas e sociais) e oportuguês arcaico.
• Variedades sociais ou diastráticas: compreendem todas as modificações da linguagem produzidas pelo ambiente em que se desenvolve o falante. Neste âmbito, interessa sobretudo o estudo dos socioletos, os quais se devem a fatores como classe social, educação, profissão, idade, procedência étnica, etc. Em certos países onde existe uma hierarquia social muito clara, o socioleto da pessoa define a qual classe social ela pertence. Isso pode significar uma barreira para a inclusão social.
• Variedades situacionais ou diafásicas: incluem as modificações na linguagem decorrentes do grau de formalidade da situação ou das circunstâncias em que se encontra o falante. Esse grau de formalidade afeta o grau de observância das regras, normas e costumes na comunicação lingüística.
Definições
• Dialetos: variantes diatópicas, isto é, faladas por comunidades geograficamente definidas.
• Idioma é um termo intermediário na distinção dialeto-linguagem e é usado para se referir ao sistema comunicativo estudado (que poderia ser chamado tanto de um dialetoou uma linguagem) quando sua condição em relação a esta distinção é irrelevante (sendo, portanto, um sinônimo para linguagem num sentido mais geral);
• Socioletos: variedades faladas por comunidades socialmente definidas ou seja, por grupos de indivíduos que, tendo características sociais em comum (profissão, faixa etária etc.), usam termos técnicos, gírias ou fraseados que os distinguem dos demais falantes na sua comunidade. É também chamado dialeto social ou variante diastrática.
• linguagem padrão ou norma padrão ou norma culta: variedade linguística padronizada com base em preceitos estabelecidos de seleção do que deve ou não ser usado, levando em conta fatores linguísticos e não linguísticos, como tradição e valores socioculturais (prestígio, elegância, estética etc.). Corresponde à variedade usualmente adotada pelos falantes instruídos ou empregada na comunicação pública.
• Idioletos: variedade peculiar a um único indivíduo ou o conjunto de traços próprios ao seu modo de se expressar.
• registros (ou diátipos): o vocabulário especializado e/ou a gramática de certas atividades ou profissões
• Etnoletos: variedade falada pelos membros de uma etnia (termo pouco utilizado, já que geralmente ocorre em uma área geograficamente definida, coincidindo, portanto, com o conceito de dialeto.
• Ecoletos, um idioleto adotado por um número muito reduzido de pessoas (membros de uma família ou de um grupo de amigos, por exemplo).
Distinguem-se os dialetos, idioletos e socioletos não apenas por seu vocabulário, mas também por diferenças na gramática, na fonologia e na versificação. Por exemplo, o sotaque de palavras tonais nas línguas escandinavas tem forma diferente em muitos dialetos. Um outro exemplo é como palavras estrangeiras em diferentes socioletos variam em seu grau de adaptação à fonologia básica da linguagem.
Certos registros profissionais, como o chamado legalês, mostram uma variação na gramática da linguagem padrão. Por exemplo, jornalistas ou advogados inglesesfreqüentemente usam modos verbais, como o subjuntivo, que não são mais usados com freqüência por outros falantes. Muitos registros são simplesmente um conjunto especializado de termos
Tipo de variação
• Variação histórica: acontece ao longo de um determinado período de tempo e pode ser identificada ao serem comparados dois estados de uma língua. O processo de mudança é gradual: uma variante inicialmente utilizada por um grupo restrito de falantes passa a ser adotada por indivíduos socioeconomicamente mais expressivos. A forma antiga permanece ainda entre as gerações mais velhas, período em que as duas variantes convivem; porém com o tempo a nova variante torna-se normal na fala, e finalmente consagra-se pelo uso, na modalidade . As mudanças podem ser de grafia ou de significado.


• Variação geográfica: refere-se a diferentes formas de pronúncia, às diferenças de vocabulário e de estrutura sintática entre regiões. Dentro de uma comunidade mais ampla, formam-se comunidades linguísticas menores, em torno de centros polarizadores da cultura, da política e da economia, que acabam por definir os padrões lingüísticos utilizados na região sob sua influência. As diferenças linguísticas entre as regiões são graduais, nem sempre coincidindo com as fronteiras geográficas.
• Variação social: agrupa alguns fatores de diversidade: o nível socioeconômico, o grau de educação, a idade e o gênero do indivíduo. A variação social não compromete a compreensão entre indivíduos, como poderia acontecer na variação regional. O uso de certas variantes pode indicar qual o nível socioeconômico de uma pessoa, e há a possibilidade de que alguém, oriundo de um grupo menos favorecido, venha a atingir o padrão de maior prestígio.
• Variação estilística: refere-se às diferentes circunstâncias de comunicação em que se coloca um mesmo indivíduo: o ambiente em que se encontra (familiar ou profissional, por exemplo) o tipo de assunto tratado e quem são os receptores. Sem levar em conta as graduações intermediárias, é possível identificar dois limites extremos de estilo: o informal, quando há um mínimo de reflexão do indivíduo sobre as normas linguísticas, utilizado nas conversações imediatas do cotidiano; e o formal, em que o grau de reflexão é máximo, utilizado em conversações que não são do dia-a-dia e cujo conteúdo é mais elaborado e complexo. Não se deve confundir o estilo formal e informal com língua escrita e falada, pois os dois estilos ocorrem em ambas as formas de comunicação.
As diferentes modalidades de variação linguística não existem isoladamente, havendo um interrelacionamento entre elas: uma variante geográfica pode ser vista como uma variante social, considerando-se a migração entre regiões do país. Observa-se que o meio rural, por ser menos influenciado pelas mudanças da sociedade, preserva as variantes mais antigas. O conhecimento do padrão de maior prestígio pode ser um fator de mobilidade social ascendente. Camacho observa que "além de proporcionar ao aluno o número maior possível de formas alternativas de expressão verbal, o professor poderá torná-lo capaz de distinguir entre uma e outra, colocando-as em situações diversas de comunicação, para que o indivíduo discente possa aprender a selecionar sem a imposição do certo-e-errado, pondo-se de acordo, unicamente, com o grau de formalidade relativa da situação".